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15 de jan. de 2014

Centenário de Morte de Maria de Araújo



Magdalena do Espírito Santo de Araújo - Beata Maria de Araújo,
Era filha de Antônio da Silva Araújo e Ana Josefa do Sacramento.
Em 1889, um lugarejo no ermo do sertão, chamado de freguesia do Joaseiro, assistiu, com olhos de esperança, ao nascimento de um fenômeno singular:
A Beata Maria Madalena do Espírito Santo ao receber a hóstia consagrada das mãos do jovem padre Cícero Romão Batista entrava em êxtase e terminava por verter a hóstia em partículas de sangue.
Aos olhos dos devotos este sangue era a prova cabal do milagre divino. Para a Igreja Católica era um principiar de dúvidas, que se estendeu numa histórica querela.
Alheia ao domínio da verdade, o lugarejo progrediu à sombra do milagre, tornando-se Juazeiro do Norte um centro de romarias e o Padre Cícero fez-se santo do povo contra a vontade da Igreja Católica.
Depois de mais de um século, os fatos sobre o milagre ainda guardam segredos e intermitentes contradições. Em 1891, a Igreja Católica instalou o primeiro inquérito, baseado em normas ortodoxas e medievalistas da Santa Inquisição, para analisar a veracidade do milagre. Não satisfeita com o resultado, instalou um segundo inquérito, mas rígido que o anterior. Estes relatos inquisitorias que estiveram por décadas trancafiados nos porões clericais. O fenômeno teve  como protagonista a figura da Beata Maria de Araújo: mestiça, pobre, iletrada, que ousou desafia a onipresença da Igreja Católica e enfrentou quase que sozinha as agruras do seu tempo. Foi por esta afronta castigada e silenciada.
De lugar de passagem de tropeiros, que se refestelavam à sombra de três frondosos pés de juá, a freguesia do Joaseiro, transformou-se em Juazeiro do Norte, o segundo maior centro de romaria do Brasil. Todavia, esta história começa em 1889, quando a BEATA MARIA DE ARAÚJO, na hora da comunhão, verte a hóstia em sangue, fundando o “milagre” de Juazeiro e abrindo, definitivamente, as portas para uma nova romaria. O natural seria, portanto, que a Beata fosse canonizada por ter sido a corporificação do divino. Mas o que se viu foi um linchamento histórico marcado por uma conjunção de forças contrárias para tirá-la gradativamente de cena. Era inaceitável à Igreja Oficial que uma beata, negra, pobre, analfabeta, nascida nos ermos sertanejos, fosse escolhida por Deus para operar tamanho milagre. Mas o povo tomou o fato como prova cabal da presença do corpo santo de Cristo. A peleja, que parecia inevitável, se instalou entre o catolicismo romano (Igreja Oficial) e o catolicismo luso-brasileiro (Igreja Popular). Polêmica esta que se arrasta até hoje nos grotões do sertão e é parte constitutiva das origens brasileiras, indo de Antônio Conselheiro à Teoria da Libertação. Portanto, a Secretaria de Educação do Município aproveita o ensejo para homenagear também, todos os professores de Historia e de Estudos Regionais que de forma direta contribuem para elucidação da historia de Juazeiro do Norte.

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