Magdalena do Espírito Santo de Araújo - Beata Maria de Araújo,
Juazeiro do Norte, 23 de maio de 1862 - 17 de janeiro de 1914
Era filha de Antônio da Silva Araújo e Ana Josefa do Sacramento.
Em 1889, um
lugarejo no ermo do sertão, chamado de freguesia do Joaseiro, assistiu, com
olhos de esperança, ao nascimento de um fenômeno singular:
A Beata
Maria Madalena do Espírito Santo ao receber a hóstia consagrada das mãos do
jovem padre Cícero Romão Batista entrava em êxtase e terminava por verter a
hóstia em partículas de sangue.
Aos olhos
dos devotos este sangue era a prova cabal do milagre divino. Para a Igreja
Católica era um principiar de dúvidas, que se estendeu numa histórica querela.
Alheia ao domínio da verdade, o
lugarejo progrediu à sombra do milagre, tornando-se Juazeiro do Norte um centro
de romarias e o Padre Cícero fez-se santo do povo contra a vontade da Igreja
Católica.
Depois de mais de um século, os
fatos sobre o milagre ainda guardam segredos e intermitentes contradições. Em
1891, a Igreja Católica instalou o primeiro inquérito, baseado em normas
ortodoxas e medievalistas da Santa Inquisição, para analisar a veracidade do
milagre. Não satisfeita com o resultado, instalou um segundo inquérito, mas
rígido que o anterior. Estes relatos inquisitorias que estiveram por décadas
trancafiados nos porões clericais. O fenômeno teve como protagonista a figura da Beata Maria de
Araújo: mestiça, pobre, iletrada, que ousou desafia a onipresença da Igreja
Católica e enfrentou quase que sozinha as agruras do seu tempo. Foi por esta
afronta castigada e silenciada.
De lugar de passagem de tropeiros, que se refestelavam à sombra
de três frondosos pés de juá, a freguesia do Joaseiro, transformou-se em
Juazeiro do Norte, o segundo maior centro de romaria do Brasil. Todavia, esta
história começa em 1889, quando a BEATA MARIA DE ARAÚJO, na hora da comunhão,
verte a hóstia em sangue, fundando o “milagre” de Juazeiro e abrindo,
definitivamente, as portas para uma nova romaria. O natural seria, portanto,
que a Beata fosse canonizada por ter sido a corporificação do divino. Mas o que
se viu foi um linchamento histórico marcado por uma conjunção de forças
contrárias para tirá-la gradativamente de cena. Era inaceitável à Igreja
Oficial que uma beata, negra, pobre, analfabeta, nascida nos ermos sertanejos,
fosse escolhida por Deus para operar tamanho milagre. Mas o povo tomou o fato
como prova cabal da presença do corpo santo de Cristo. A peleja, que parecia
inevitável, se instalou entre o catolicismo romano (Igreja Oficial) e o
catolicismo luso-brasileiro (Igreja Popular). Polêmica esta que se arrasta até
hoje nos grotões do sertão e é parte constitutiva das origens brasileiras, indo
de Antônio Conselheiro à Teoria da Libertação. Portanto, a Secretaria de
Educação do Município aproveita o ensejo para homenagear também, todos os
professores de Historia e de Estudos Regionais que de forma direta contribuem
para elucidação da historia de Juazeiro do Norte.
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